domingo, outubro 09, 2011

Hipocrisia e Falsidade

Após "O que fazer em dez minutos..." hoje a aula é sobre a Hipocrisia e Falsidade.
Vou começar por definir ambos os termos para que se consiga melhor perceber os perpetuadores de tal façanha.

A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. Designa também as pessoas que representam e que fingem comportamentos.
Um exemplo clássico de ato hipócrita é denunciar alguém por realizar alguma ação enquanto realiza a mesma ação.
"A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude". Ou seja, todo hipócrita finge realizar comportamentos corretos, virtuosos, socialmente aceites, mas na realidade fazendo o oposto.

Vejo frequentes vezes proporem-nos modelos de vida que nem quem os propõe nem os seus auditores têm alguma esperança de seguir ou, o que é pior, desejo de o fazer. 

Michel de Montaigne, in 'Ensaios - Da Vaidade'

Compor a candura com todos os elementos negros que trabalham no cérebro de um hipócrita, reter-se, reprimir-se, estar sempre alerta, espiar, compor o rosto do crime latente, fazer da disformidade uma beleza, fabricar uma perfeição com a perversidade, fazer cócegas com o punhal, por açúcar no veneno, velar na franqueza do gesto e na música da voz, não ter o próprio olhar. 0 odioso da hipocrisia começa obscuramente no hipócrita. 
Ajuntai a isto o profundo orgulho. Existem horas estranhas em que o hipócrita se estima. 0 verme resvala como o dragão e como ele retesa-se e levanta-se. 0 traidor não é mais que um déspota tolhido que não pode fazer a sua vontade senão resignando-se ao segundo papel. É a mesquinhez capaz da enormidade. 
0 hipócrita é um titã-anão.

Victor Hugo, in "Os Trabalhadores do Mar"

Falsidade é a característica do que não é verdadeiro.
A mentira, o engodo, o engano, a falsa aparência, a esnobação e a desfaçatez são gêneros de falsidade. O orgulho e a busca de reconhecimento trazem consigo a necessidade quase inadiável de aparentar algo que não se é.
A falsidade em sua concepção traz á pessoa certos proveitos. Omitir sua condição, ou se mostrar de maneira diferente para levar vantagens, obter lucros, ascensão social, desmoralizar outras pessoas entre outros.
Essa parece ser a ética do mundo. Um grande jurista brasileiro, afirmou certa vez, entre outras coisas, que de tanto ver triunfar a mentira e a falsidade, tinha até vergonha de ser honesto.
É fácil tornar um relato mais interessante acrescentando a ele alguns detalhes, como também é fácil fraudar uma história quando lhe dispensamos uma omissão ou ação. É simples deduzir que não existe o que se pode chamar de “falsidade particular”, ou seja, uma informação fora do verdadeiro não prejudica somente a pessoa que a pratica.

A falsidade é susceptível de uma infinidade de combinações; mas a verdade só tem uma maneira de ser.
 
Jean Jacques Rousseau
 

 

1 comentários:

Mica Santos disse...

Só digo uma coisa: cada vez há mais hipocritas e falsos por aí... se calhar é da crise!