Nota Introdutória
Confesso que reflecti bastante antes de intervir... Afinal não é a primeira vez que jovens com mentalidade jurássica me criticam, utilizam fotos minhas para me tentar humilhar ou opinam sobre tudo e mais alguma coisa que tenha a ver comigo ou com a TAESEAH... enfim, o período jurássico já terminou à muitos anos....
É um pouco estranho ver que o elenco destes filmes é sempre o mesmo... azia crónica, alguns dirão...
Também já reparei que as Tunas da Ilha são boas para participarem em Festivais de Tunas Mistas em Havana - Cuba de Pipas mas não o suficiente para estarem extra-concurso no Ciclone... mais azia dirão? Talvez... Em São Miguel, com onze tunas, a concurso e tunas da Ilha, o respeito imperou e houve tempo para todas actuarem... mas aqui... aqui não... aqui é só quando dá jeito... E são momentos como este que criam e alimentam rivalidades...
As rivalidades que sempre existiram entre uma tuna mista e uma tuna masculina de uma ilha qualquer nunca me fizeram perder o sono... Apenas me causaram alguma estranheza ao início... E agora? Agora, apenas indiferença pois realmente existem coisas bem mais importantes na vida, e também nas Tunas.
Quanto ao tema deste post, tendo em conta que existiram dúvidas e alguns amuos com as decisões proferidas pelo júri, aqui ficam as minhas considerações enquanto membro do júri. Afinal... há que ser crú e verdadeiro neste capítulo... e em todos os outros também, acrescento eu.
A participação da duas Tunas da Ilha a concurso no Festival é, obviamente uma situação diferente e que exige alguma responsabilidade adicional na escolha dos elementos do Juri. Por outro lado, o júri tem uma tarefa mais complicada do que habitualmente, tentando ser o mais imparcial e justo possível. Na primeira vez que se realizou um Festival de Tunas nesta ilha, o II Olé Tunas, as tunas da casa participaram no concurso e o júri, nesse ano, infelizmente cometeu o erro de "distribuir" alguns prémios. Tendo este aspecto em atenção, como elemento do Júri deste ano foi minha intenção ser o mais ponderado e justo possível.
Este ano não houve necessidade de eleger um presidente do júri... e tão pouco fui eu o presidente... por isso, para a próxima é melhor informarem-se primeiro! As decisões foram ponderadas e tomadas pelo júri, no seu conjunto, tentando ser justos e imparciais, sem nenhuma ideia pré-concebida ou intenção de distribuir os prémios pelas Tunas. Reconheço o direito de porem em causa a justificação de atribuir um ou outro prémio à Tuna A ou B. A decisão do júri é isso mesmo: a opinião deste em relação ao que se passou. Diferentes pessoas poderiam ter diferentes decisões. por isso aqui ficam as razões de cada uma das decisões.
1 - Melhor Passa Calles - Todas as tunas tiveram exibições medianas, sem muito brilho... Pedia-se mais interacção com o público e espontaneidade. Lembro-me de estar no "Pão Quente" e ver numa varanda próxima, duas senhoras de idade a ver o desfile... Pois, nenhuma tuna parou e cantou para elas... Mesmo assim, a Sons do Mar foi aquela que mais e melhor tocou e interagiu com o público presente.
2 - Melhor Serenata - As Tunas tinham quinze minutos à sua disposição que podiam utilizar para tocar duas músicas, declamar poemas... enfim, sendo que o prémio sempre foi atribuído ao melhor conjunto apresentado no tempo disponível. Com respeito às outras Tunas, digo-vos que a Neptuna, a Sons do Mar e a Desconcertuna apresentaram as melhores propostas. Quanto à Neptuna, entendo que a música que tocaram merecia mais trabalho musical. Notou-se que a solista estava muito desapoiada, ainda mais quando estamos a falar da Chuva de Mariza... Além disso, a Tuna deve esperar pela solista... e não a solista a ter que se adaptar às pausas menos prolongadas da Tuna... com treino, talvez... Depois, restavam a Sons do Mar e a Desconcertuna... Bem, aqui a decisão não foi fácil... aliás, foi esta a decisão mais complicada da atribuição de prémios. Duas apresentações regulares, com alguns erros de afinação (instrumentos e vozes) e sem especial brilho. O Júri entendeu que a Desconcertuna apresentou um bom jogo de vozes, com variedade e arranjos interessantes. Por outro lado, a Sons do Mar esteve um pouco pior nesta parte. Excluindo a introdução de uma das músicas em que houve um jogo interessante entre um homem e uma mulher, em termos vocais, apenas se ouviram duas vozes diferentes e femininas. Obviamente que, numa Serenata de um Festival de TUNAS MISTAS, o trabalho de vozes masculinas e femininas juntamente com o seu interlaçar é o aspecto fundamental na atribuição do prémio. Por isso mesmo é que a Serenata é realizada num sítio reservado, sem amplificação sonora e previligeando a projecção de vozes e instrumentos da forma mais natural possível.
Por outro lado, a Desconcertuna apresentou a clássica interpretação de Coimbra em serenatas de Tunas: Bombo, pandeireta, alguma percussão, flauta de bísel e violino. Nota de destaque pela positiva para o violino (muito seguro nas suas interpretações) e, pela negativa, para a flauta de bísel (desafinada em alguns momentos). Esteve um pouco melhor a Sons do Mar, com menos variedade de instrumentos mas um pouco mais seguros em termos instrumentais.
O Júri ponderou cada um dos aspectos e, de uma forma não unánime mas apenas com maioria simples, atribuiu o prémio à Desconcertuna, valorizando o jogo de vozes.Foi a decisão mais difícil que o Júri teve e pode, obviamente ser alvo de críticas. Foi contudo uma decisão muito ponderada e tentando ser, crua e verdadeiramente, o mais justo possível com todos os intervenientes!
3 - Melhor Pandeireta - Bem, aqui a decisão foi bem mais fácil do que parecia... Muitos momentos houve em eles estiveram em destaque... pela negativa... Primeiro, se a coreografia estivesse interessante, o ritmo não estava... Não adianta ter três ou quatro pandeiretas em coreografia se o ritmo não está certo... Coreografias com muita gente aumentam o grau de dificuldade mas não alteram os pressupostos iniciais. Por outro lado, o prémio de melhor Pandeireta não é atribuído aquele que fizer mais número de movimentos no menor espaço de tempo... nunca foi... e certamente nunca será! O "Castanhas" da Phartuna contrastou com o restante dos pandeiretas em três aspectos fundamentais:
- - A forma como iniciou e terminou qualquer uma das suas exibições, de forma natural, agradecendo ao público, de forma espontânea e, muito importante, sabendo sair no momento oportuno. Uma boa coreografia tem início, meio e fim. É errado valorizar apenas o meio da coreografia...
- - A limpeza de movimentos, sempre com um sorriso e sem qualquer demonstração de esforço, ao contrário da grande maioria dos restantes (Grande parte dos pandeiretas limitaram-se a "despejar a sua sequência de movimentos" de forma mecânica e pouco harmoniosa.)
- - A empatia que conseguiu estabelecer com o público
4- Melhor Porta-Estandarte - Em concordância com o acima escrito. O David da NEPTUNA foi o que teve melhor presença em palco, com limpeza de movimentos e alguma empatia com o público. Da mesma forma, também foi preciso escolher o melhor elemento e não o melhor conjunto. Notou-se também muito a necessidade de muitos em mostrar o máximo de movimentos possíveis em menor espaço de tempo possível (tipo guitar hero, no expert?). O importante é aquilo que se transmite ao público com a nossa prestação, encadeando os movimentos que aprendemos de forma harmoniosa. Tive a oportunidade de ver no passado um Tuno Espanhol, de uma Tuna que esteve no Ciclone, considerado um dos melhores do mundo. Não o vi aos saltos nem a correr... mas tudo o que ele fez foi obviamente pensado com o objectivo de nos transmitir algo... Mais exemplos? Vejam o Isaac de Real Extudantina... o beijo na bandeira dos Açores... Enfim, pormenores que em muito contam!
5 - Melhor Original - O Jurí escolheu, de todas as músicas originais a concurso, aquela que considerou ser o melhor trabalho musical, em termos de composição, e que simultaneamente foi a melhor tocada no Teatro Angrense. Assim sendo, não houve dúvidas que o Fado da Sons do Mar correspondeu e mereceu o prémio.
6 - Melhor Instrumental - O "Cosa Nostra" da NEPTUNA foi o escolhido pelo Júri. É um instrumental muito bem concebido e executado de uma forma simples e pela Tuna. Tem, no entanto, potencial para muito mais, tendo em conta algumas actuações antigas. De referir apenas que a "introdução celta" não está muito de acordo com uma típico instrumental de origem siciliana e italiana. Quanto aos restantes instrumentais,foram um pouco monótonos e/ou não apresentaram momentos de destaque.
7 - Melhor Solista - Nesta música as Tunas deveriam deveriam apresentar uma música ou um trecho significativo de uma música com um solo (evidente) de um elemento. Seriam tidos em conta a afinação, timbre, sentimento, empatia com o público, postura e grau de dificuldade. Duas músicas se perfilaram para ganhar este prémio: O Fado da Sons do Mar e a música "Saudades de Coimbra, fado de Coimbra celebrizado e numa versão da Desconcertuna. Ok. Podemos comparar as vozes das duas solistas... são duas boas vozes, com boa preparação e assumo que qualquer uma das duas poderia conquistar o prémio! Agora, também acho que temos que ser crús e verdadeiros neste capítulo. O solo da Sons do Mar é um pouco mais extenso mas, de resto, as apresentações foram semelhantes em termos de grau de dificuldade, sentimento, e grau de dificuldade. Então surge a dúvida? Atribuir em exequo o prémio? Pois, a resposta é não. Olhando para a música "Saudades de Coimbra" da Desconcertuna encontramos um dos melhores momentos do VII Olé Tunas. Uma adaptação bem conseguida, com três momentos musicais bem distintos, um bonito solo, um bom trabalho de vozes de coro e, na parte final da música, o tão referido dueto... nada mais do que um momento musical em que a tuna "segura a melodia base enquanto duas pessoas cantam, num jogo vocal de improviso e com muito sentimento à mistura. Mas este dueto não decidiu nada... apenas ajudou. Em duas músicas com solos de grau de dificuldade semelhante o trabalho efectuado pela Tuna como suporte à solista foi fundamental para a escolha do jurí. E então, crua e verdadeiramente falando, o melhor trabalho da Desconcertuna nesta música permitiu à sua solista conquistar o prémio. São opiniões? São sim senhor! São opiniões fundamentamentas e ponderadas pelo Júri mas, sempre sujeitas a crítica, como tudo na vida.
8 - Melhor Tuna - No conjunto das actuações no Teatro Angrense, a actuação da Sons do Mar foi a mais conseguida, melhor planeada e encadeada, sem momentos mortos e com qualidade musical, com destaque para o coro de abertura e os seus originais. É bom ver a Sons do Mar de regresso às exibições que tive oportunidade de ver, especialmente na década de 90.
Como nota final, deixo-vos a minha total disponibilidade de falar sobre este assunto, desde que o respeito por todos os intervenientes se mantenha.
Hasta!
4 comentários:
Ok tudo me parece bem... axo que já não há razão para terem duvidas e se tiverem mesmo assim digam pk não é preciso criticarem sem pedir esclarecimentos...
Obrigada Viegas pelo teu esclarecimento...
Tudo está bem quando acaba bem, não é verdade?
Nã há é razão aparente para muitas outras coisas que acontecem em torno de justificaçõs vãs com objectivos mal definidos!
Adoro quando as pessoas se sabem por no seu lugar e daí sim poderem, ponderadamente, falar dos assuntos e não procurando algo por onde pegar, só por pegar!
Fazemos o melhor com aquilo que temos, espero que não haja razões para muitos engolirem o seu próprio veneno.
Saudações académicas...
Eu é mais bolos...
Olá Luís Filipe..
Sei que não me diz respeito este assunto, mas de acordo com alguns ecos que chegaram a estes lados, este assunto tem dado muito pano para mangas.
No entanto, e como sempre, acho que te preocupaste demais com este assunto, embora saiba que foi certamente tentando preservar o bom nome da Tuna e dos demais elementos do júri.
Tu melhor que ninguém sabes que as respostas devem ser dadas às pessoas que têm a coragem de as ir pedir directamente, e não porque alguém achou que deviam expor as vossas conclusões, visto que não cometeram nenhum erro.
Contudo acho que para alguém que se mantém relativamente afastado, mais uma vez procuraste honrar o bom nome da nossa mui nobre tuna.
Os meus parabéns pela paciência para elaboração de tal texto.
Saudações académicas
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